quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O Inimigo (tratado sobre psicopatia)

Meu inimigo. Meu inimigo era pequeno demais. Sempre o considerei assim. Ele não ia com minha cara, e eu muito menos com a dele. Há tempos que vinhamos nos estanhando. Há tempos que sua família me perturbava. Meu desejo? Nunca escondi. Era matar todos. TODOS! Sempre que nos encontrávamos eram os mesmos olhares: nojo, antipatia, raiva, amargura. Tudo o que havia de mais nojento. As vezes nem me reconhecia. Cada um corria pro seu lado. E levava a vida adiante, mas com o mesmo rancor. Um dia nos encaramos, seu olhar era de medo. Eu sei, minha inteligência o intimidava. Mas suas habilidades me causavam furor. Hoje foi o dia. Acertamos nossas contas. Ao chegar do trabalho, e depois de uma bela manhã com seis aulas legais, eu o encontro. No meu território. Sem respeitar ao menos as situações que a vida tem me dado. Eu o encaro. De sua parte, a mesma reação: medo. Ele sabia o que estava por vir. Eu queria matá-lo. Eu iria matá-lo. Ontem na aula da Segunda Série B havíamos conversado sobre psicopatia e assassinatos. Estudamos casos como os de Columbine e de Realengo. Questionamos e filosofamos sobre até onde vai nossos extintos assassinos. De onde surge o mal. O dia de hoje prometia, ficaria marcado. Após nos encarar, eu o encurralei. Ele não tinha saída. E tomado por fúria e os mais tristes sentimentos, não pensei duas vezes. EU O MATEI! Pisei em seu crânio. Fiquei a contemplar seu corpo estendido no chão e sua boca aberta de dor. O sangue que escorria de sua boca era o troféu de minha vitória. Talvez ainda me vingue do resto da família. O corpo? Escondi. Ninguém saberá onde. Matei meu inimigo que há muito tempo ria de minha cara e brincava com minha paciência. Seu nome? Eu não sei. Sei que era cinza e tinha os olhos esbugalhado. Ficaram ainda mais quando meus tênis pisaram sobre seu corpinho raquítico e ridículo. Meu inimigo? Meu inimigo era um rato.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

NEM UM SEGUNDO A MAIS

Quanto tempo eu gastei com coisas superficiais?

Tanto tempo eu gastei com coisas banais

Agora eu quero apenas um minuto a mais

Um minuto a mais

A dor em meu peito não me deixa respirar

Pensar em ti e lembrar que te amar

É bem mais forte que a vida e a morte

Eu só queria um dia a mais

Um dia a mais

Porque fui tão tolo?

Agora vivo com uma consciência de culpa

A dor agora é bem maior do que parece

E sem fé alguma, não sei ao certo qual a melhor prece

Eu que só queria um natal a mais

Um natal a mais

Será que encontrarei perdão pra mim?

Será que perdoarei a mim mesmo?

Será que a vida precisa mesmo de um fim?

Então, que tal começarmos tudo de novo?

Não quero passar nem um segundo a mais longe de ti.

Ps.: Aproveitem cada segundo ao lado das pessoas que vocês amam. Quem sabe, pode ser o ultimo segundo de duas vidas.

Ps. 2: Dedicado a todas as pessoas portadoras de câncer e seus familiares.