domingo, 10 de janeiro de 2010

Um mundo pequeno demais


Esta é a história de um garoto que um dia abandonou sua aldeia e foi para uma terra distante. Lá desfrutou de coisas que nunca imaginara antes. Comeu frutas que seu paladar jamais tinha provado, bebeu de uma água nova que em sua língua parecia ter um gosto diferente de todas as águas que lhe molhou a garganta.

Em sua aldeia o menino vivia compenetrado em seus afazeres diários e nos problemas que estes lhe traziam cotidianamente. Seu mundo era pequeno e fechado em si mesmo e nas circunstancias em que se defrontava. No novo mundo que descobrira, a vida era outra. O mundo era muito maior. E a visão podia abarcar um alcance quase inatingível. Seus ouvidos deram-se ao luxo de expandir seu horizonte musical. E seu paladar não era mais o mesmo, jocoso e mesquinho.

O menino nunca mais quis voltar para sua antiga aldeia. Sua liberdade gozava de um deslumbre sobre o viver humano, que qualquer pensamento de retorno se configurava em uma amargura em sua alma.

Pensando nessa “história” me vem a mente o microcosmo em que estamos inseridos. Chego até a dizer que a aldeia representa de forma real em minha vida a cidade em que moro. Somos tão presos as nossas vidinhas medíocres e inócuas que esquecemos que o mundo é muito maior que nosso quarto. É muito fácil nos limitarmos às idéias bairrísticas de que nossas vidas são todo o “universo” que estamos encerrados. Quando saímos de nossos guetos compreendemos que o mundo é muito maior do que cogitava nossa vã sabedoria. E nos angustiamos. Angustiamos-nos até mesmo com a vida daqueles que se prendem em cavernas e se recusam sair delas.

Percebemos a grandeza das futilidades de certas pessoas que dispensam horas e horas de suas vidas, se é que podemos chamá-las assim, em comunidades de relacionamentos da web, discutindo feitos tolos sobre política, futebol e religião como se fossem donos da verdade.

Até o conceito de verdade já não se apresenta mais o mesmo. Os valores mudam, o respeito pelo outro cresce, a necessidade de saber o que o outro faz de sua própria vida se esvanece, pois a nossa felicidade é muito mais importante. Quem dera pudéssemos entender que o muito é maior que o NOSSO mundinho fechado!

Finalizo com uma frase do mestre Renato Russo:
“Não me diga como devo ser, gosto do jeito que sou. Quem insiste em julgar os outros têm sempre alguma coisa pra esconder”

E fica a dica: se prenda mais em seu muda e nas pessoas que você ama, por que no final... isso é o que importa