Acho que a pior dor de um suicida
não é o nó da corda e nem o estrago que a bala causa. A pior dor de um suicida
não é o mal-estar que o líquido provoca no estômago.
A pior dor para um suicida é o nó
invisível que fica entalado na garganta.
É a lágrima que teima em não cair
e fica presa por dentro. Apertada no coração.
A pior dor em um suicida ele sabe
qual é de fato. É a certeza que um dia, mais cedo ou mais tarde ele dará cabo
de sua própria vida. Ele tem em mente como será. Ele só aguarda o dia certo em
que foi homologado pela própria Morte.
“Óh Morte, tu que és tão forte.
Que matas o gato, o rato e também o homem. Vista-se com a sua mais bela roupa
quando vieres me buscar”.
Desde o dia 23 de outubro não há
um só dia em que eu não pense em me matar. Não há um só instante que ideias
pesarosas saiam de minha cabeça. Procuro a força em um futuro que pretendo
trilhar. Procuro o sorriso na face de meus amigos e das pessoas que me ama.
Mas ouvir a palavra “força” não significa tê-la. Não
significa compreendê-la.
E o que sobrou de minha outra
metade continua a existir. Mas hoje não sei mais o que é certo ou errado, justo
ou injusto, bem ou mal. Apenas continuo a existir nesse mundo tão enigmático e
complexo onde tudo é invertido. Até quando? Não sei, acho que até o dia do
vencimento do contrato.
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