quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Que Deus é esse?


A recrudescia da violência perpetrada na "Terra Santa" no últimos dias me fez refletir sobre dois questionamentos indispensáveis na retórica da humanidade: 1) Em uma guerra pode algum dos lados está certo? 2) Que Deus é este que permite que criançinhas sejam usadas como escudo e arcabouço de um mundo-cão? Bom, a primeira pergunta gostaria de discutir só depois, pois se necessita de mais tempo e espaço e esse texto ficaria por demais exaustivo. Gostaria de deter-me ao segundo questionamento:Qual é o lugar de Deus num mundo de iniqüidades? Até quando há de permitir tamanha luta entre o Bem e o Mal? Até Ele fechou os olhos diante das vítimas do nazismo em Auschwitz, dos soviéticos que pereceram no Gulag, da fome dizimando milhões depois da revolução chinesa? E hoje, "Senhor Deus dos Desgraçados"? Darfur, a África Subsaariana, o Oriente Médio... Então não vê o triunfo do horror, da morte e da fúria? Que Deus é este, olímpico também diante dos indivíduos? Olhemos a tristeza dos becos escuros e sujos do mundo, onde um homem acaba de fechar os olhos pela última vez, levando estampada na retina a imagem de seu sonho – pequenino e, ainda assim, frustrado... Até quando haveremos de honrá-Lo com nossa dor, com nossas chagas, com nosso sofrimento? Até quando pessoas miseráveis, anônimas, rejeitadas até pela morte, murcharão aos poucos na sua insignificância, fazendo o inventário de suas pequenas solidões, colecionando tudo o que não têm – e o que é pior: nem se revoltam? Se Ele realmente nos criou, por que nos fez essa coisa tão lastimável como espécie e como espécimes? Se ao menos tirasse de nosso coração os anseios, os desejos, para que aprendêssemos a ser pedra, a ser árvore, a ser bicho entre bichos... Mas nem isso. Somos uns macacos pelados, plenos de fúrias e delicadezas (e estas nos doem mais do que aquelas), a vagar com a cruz nos ombros e a memória em carne viva. Se a nossa alma é mesmo imortal, por que lamentamos tanto a morte, como observou o latino Lucrécio (séc. I a.C.)? Se há um Deus, por que Ele não nos dá tudo aquilo que um mundo sem Deus nos sonega? O que diriam os mais fiéis? Que estamos pagando por nossos pecados, não é mesmo? Mas que pecados sãos esses? Teria o filhinho de um judeu polonês nascido nos horrores da segunda guerra (e que aos cinco anos de idade viu seus pais serem executados antes dele na câmara) mais pecados que eu? Não sei... Será que é só “questão de sorte”? Pode nosso Deus ser lúdico? Ou poderiam essas coisas estar acontecendo para a fé destes desgraçados ser testada? Pode ser que isso seja só um prelúdio, uma vereda tortuosa para o tão sonhado paraíso... Gozado não é? Que senso de humor o Dele, mas se isso lhe ajudar a dormir à noite...
Partes deste texto foram extraídas do blog de Reynaldo Azevedo.
Romero Tertulino

3 comentários:

Sandro Plebeu disse...

até quando o homem não dará conta que suas fantasias e apetites só trazem destruições?

Romero, belo texto... é de uma reflexão indizível!!!

jeffersonsk8 disse...

Caramba,isso foi uma crítica ou uma pregação...
rsrsrs massa
A dor e o sofrimento são necessário para o ser humano,sem a dor e o sofrimento nunca iriamos perceber e se arrepender dos erros feitos...

Alissonb disse...

"estamos suspensos perdidos no espaço" Muito Massa :D